Caso de melanoma mortal tratado por células imunitárias

Uma boa notícia que saiu no Público.
Pode não funcionar com todos os tipos de melanomas, nem em todas as pessoas, mas já é uma luz ao fim do túnel para quem não tem mais nada.


19.06.2008 - 19h02 Ana Gerschenfeld
O doente, um homem de 52 anos, tinha um melanoma renitente à cirurgia e aos tratamentos, que já se tinha espalhado para a virilha e os pulmões. Ia morrer em breve. Os médicos colheram o seu sangue, extraíram daí certas células do sistema imunitário, multiplicaram-nas no laboratório e injectaram-lhas de volta. Dois meses mais tarde, as metástases tinham totalmente desaparecido, E hoje, quase três anos mais tarde, o homem continua ao que tudo indica, de boa saúde.

Não foi fácil cultivar in vitro e clonar o tipo de células que foram aqui utilizadas – os linfócitos T CD4, ou T4 para abreviar, cruciais nas respostas imunitárias do organismo. Para mais, como os cancros são feitos das próprias células do doente, o organismo não se defende bem contra eles.

O que a equipa de Cassian Yee, do Centro de Estudos do Cancro Fred Hutchinson de Seattle, fez agora foi clonar um tipo de linfócitos T4 potencialmente letais para o tumor. Após uma análise molecular das características do melanoma do doente, os investigadores constataram que uma boa parte das células tumorais tinha à sua superfície, como uma antena, uma molécula chamada NY-ESO-1. Por isso, clonaram só os T4 capazes de reconhecer essa molécula, esperando que eles atacassem o tumor mas não as células sãs.

O doente recebeu uma única injecção de cinco mil milhões destas células T4. Teve um pouco de febre, dores musculares e uma queda dos seus linfócitos. Mas uns dias depois, contam os cientistas no último "New England Journal of Medicine", esses efeitos desapareceram. Dois meses depois, submeteram o doente a uma tomografia PET e não viram vestígios das metástases. E no seu último exame até à data, dois anos mais tarde, o homem continuava “limpo”.

O mais surpreendente foi talvez que os tumores regredissem completamente. “Apesar de apenas 50 a 75 por cento das células tumorais expressarem NY-ESO-1, a totalidade do tumor regrediu”, escrevem. “Esta discrepância [leva-nos] a especular que os linfócitos injectados provocaram uma reacção imunitária mais ampla do que previsto”, incitando outros linfócitos a matar as restantes células cancerosas.

Num artigo que acompanha este caso clínico, Louis Weiner, da Universidade de Georgetown, pergunta: “serão estes resultados uma miragem, um oásis, ou um prenúncio da meta? (...) Penso que, embora ainda não tenhamos lá chegado, a meta está à vista.”

A chegada não é para já. Apenas 25 por cento dos melanomas têm a molécula NY-ESO-1 – e mesmo nesses, ninguém sabe se o tratamento irá funcionar. Mas pode-se esperar que seja possível desenvolver um dia imunoterapias mais personalizadas – e tratar também outros cancros.

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