Previsão é de 600 autocarros e quase 70 mil professores

06.03.2008, Graça Barbosa Ribeiro
Dirigentes sindicais falam de um "momento histórico" e esperam que a ministra perceba que não tem condições para continuar
Ao princípio da noite de ontem, no final da reunião da plataforma sindical que está a organizar a "Marcha da Indignação", Mário Nogueira, dirigente da Federação Nacional de Professores (Fenprof), não disfarçava o entusiasmo. Feitas as contas, a cerca de 24 horas do termo das inscrições já estavam reservados para transporte dos manifestantes precisamente 600 autocarros - o correspondente a 40 mil pessoas. "Contando com os que se deslocam de automóvel e com os da Grande Lisboa, vão participar na marcha mais de 60 mil professores, provavelmente perto de 70 mil. Será um momento histórico", previa o sindicalista.
Pela segunda vez, vira-se obrigado a sugerir que o plenário, inicialmente marcado para junto à Assembleia da República, mudasse de lugar, do Rossio para o Terreiro do Paço - "Não havia outra forma. Senão, a "cabeça" da marcha não marchava e a "cauda" da marcha não chegava", descreveu Mário Nogueira, bem-disposto.
Ainda não tinha terminado a preocupação com o aluguer de autocarros, já se lhe somava a de lhes dar destino, por volta das 14h00 de sábado, nas ruas circundantes ao Marquês de Pombal, o ponto de encontro.
A possibilidade de os veículos serem encaminhados de acordo com a zona de origem (Norte, Centro ou Sul) e de se tentar, ainda, distribuir no tempo as entradas em Lisboa (desaconselhando paragens durante a viagem) serão hoje discutidas com a PSP. Até porque o número de veículos ainda pode subir. A Fenprof, que abriu as inscrições a professores não sindicalizados (que não pagam o transporte) e que ontem já tinha disponibilizado 400 autocarros, continuará a aceitar pedidos durante o dia de hoje. Certo, desde já, acreditam os sindicalistas, é que esta será a maior manifestação de professores de sempre, a seguir àquela que, em Outubro de 2006, reuniu entre 20 a 25 mil pessoas, também em Lisboa.
"Na altura, a ministra da Educação disse que éramos poucos. E desta vez? Ainda vai dizer que isto é um movimento de sindicalistas? Ou será que já chega, para perceber que não tem condições para se manter no cargo e que a mudança de política é inevitável?", provocava José Ricardo Nunes, o dirigente que ontem representou a Federação Nacional dos Sindicatos da Educação (FNE) na reunião da plataforma.
No texto da resolução que será votada sábado pede-se a demissão da ministra, com o argumento de que Maria de Lurdes Rodrigues e a sua equipa não têm condições para iniciar o diálogo necessário à também exigida mudança de política.
Políticos sim, mas...
Mas a plataforma antecipa a possibilidade de um braço-de-ferro, anunciando o calendário de acções de protesto "para todo o 3.º período". "Podemos realizá-las só no início ou... até ao fim. Podem realizar-se só as da plataforma ou talvez se lhes juntem outras, de cada um dos sindicatos... Tudo depende da vontade do Governo", ironizou Mário Nogueira.
Sobre a presença ou não de dirigentes dos partidos no protesto, o dirigente da Fenprof diz apenas saber da de Francisco Louçã, do Bloco de Esquerda, que é professor. Mas adianta que nada tem contra a presença de qualquer líder partidário, desde que ali esteja num gesto de solidariedade com os professores e não leve qualquer símbolo partidário.

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